Anarquivos

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ANARQUIVOS

Uma obra é indissociável de sua história e de tudo que a rodeia.

Entre o feito e o a-fazer — entre arquivo e produção — a distinção, tão clara a primeira vista, às vezes se turva quando observada com mais atenção. Porque um arquivo — reformulado, revisitado — se faz obra, cotidianamente. Ele não é um corpus fechado e imutável, exterior ao trabalho, mas — ventre de aranha — o que o alimenta. Vestígio perpetuamente atualizado enquanto o caminho é traçado, móvel e maleável à mercê, ele resiste consequentemente ao proprio arquivamento ...

Em outras palavras: esses anarquivos são uma pálida tentativa de arrumar as gavetas de Julio Villani, para melhor seguir o que ele de lá for sacar ou depositar, amanhã e nos outros dias.

Afinal, se sua obra parece pontuada de aparentes rupturas de coerência, é porque ela fica sempre aberta ao encontro com o acaso e as suas múltiplas bifurcações. Villani não se priva de se embrenhar por todas elas, simultaneamente ou com anos de distância. O resultado é um conteúdo fragmentário, uma alternância de perspectivas nascida de uma cesura de itinerários sem razão aparente a qual Barthes — cujo longo discurso é construído de histórias curtas — chamou de 'borboletar'.

Seguir o artista ao longo dos anos faz visível este bater das asas — estes interstícios de fracionamento de trajetórias através dos quais avança sua obra.

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